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sábado, 11 de novembro de 2017

Muralhas Palatinas



 
Ouça bem, Caleb. Eu quero uma defesa inconquistável, que nem soldados, anquilossauros, dragões ou nefilims consigam entrar sem estourarem as suas culatras. Inimigos a pé, voadores, tudo vai sofrer e sangrar e voltar chorando para os seus deuses e mamães. Lembra de Ashbel, de como os malditos dragões do maldito Lucian queimaram a cidade? Enquanto eu for o imperador, aquilo nunca mais vai acontecer de novo.
-Imperador Basil Quatre Palatini, em uma conversa privada com o barão Caleb Kulver. 

      Embora a cidade sempre tenha sido modestamente fortificada, mais por necessidade de cobrança de pedágio que por temor de ataques, a falta de ameaças diretas desde a fundação do império fez com que as defesas nunca fossem prioridade. Após a invasão goblinóide, o imperador fundou o baronato Culver, encarregando o barão de, entre outras coisas, reformar as fortificações e construir fortes auxiliares. As defesas atuais de Noster Amaranthi consistem de:

  • Toda a face oeste é cruzada por um fosso largo o suficiente para que barcos e galés possam ir de uma ponta à outra, caso as pontes estejam levantadas. Um muro ameado atrás do fosso serve como a primeira linha de defesa.
  • Um barbacã com guaritas e baterias para canhões leves e médios, desde falconetes a meias colubrinas.
  • As defesas acima são exclusivas da face oeste, impedindo ataques terrestres. A muralha interna é o que circunda toda a cidade. Com quarenta quilômetros de extensão, tem frente inclinada, mais grossa e baixa do que é comum no império, para oferecer melhor proteção contra canhões. Diversas rampas permitem subir ao adarve, que é na prática uma ampla estrada imperial pavimentada onde até cavaleiros poderiam desferir uma carga para trespassar atacantes. O interior das muralhas é repleto de paióis, casernas, porões, oficinas e templos, podendo acomodar quinze mil soldados, quatro mil cavalos e todas as provisões necessárias para um cerco.
  • As torres da muralha interna ficam todas à frente da mesma e ligadas apenas por uma passarela de pedra. Uma a cento e sessenta metros da outra, totalizam duzentas e vinte e cinco. Todas funcionam como fortins independentes, armadas com três falconetes na base, dois canhões pesados no segundo andar e um  falconete raiado em uma guarita acima da cúpula no topo. O interior é uma casamata com suprimentos e cisterna própria, guardando água da chuva. Para resistir a canhões, são redondas, mais baixas e com paredes grossas e inclinadas.
  • Nove portões e as nove pontes correspondentes ficam abertos ao tráfico civil. São flanqueados por torres, impregnáveis e majestosos: portas de madeira e ferro com alto-relevo em bronze e seiva-vidro, estátuas de imperadores e heróis no topo de batentes arqueadas de mármore, carrancas que regurgitam água escaldante drenada do esgoto, areia ardente e óleo inflamável. Duas portas menores ficam aos lados de cada portão. Também hão poternas subterrâneas, cujo número e localização exata provavelmente só serão revelados em caso de necessidade.
  • Placas de cobre nas paredes dos porões amplificam o som de sapadores tentando minar as muralhas, enquanto a água em pedestais reflete quaisquer vibrações subterrâneas. 
  • Cada rua e distrito deve fornecer um número de recrutas (cidadãos, mercenários, servos, escravos etc) equipados quando exigido pelo senado e o imperador. Clubes sociais agora também se encontram em suas respectivas seções das defesas para treinarem juntos. Competições entre clubes são encorajadas, desde que não cheguem a extremos como a rixa entre a torre 32 (Galos de Ferro) e a 87 (Colhudos), que resultou na galé Caranguejo se chocando com a ponte que dá acesso à Avenida dos Triunfos. Quem não pode pagar pelo seu equipamento deve se apresentar no arsenal municipal para receber algo, conforme a disponibilidade. Finalmente, durante um cerco escravos públicos podem ser recrutados em troca da promessa de liberdade, e o capitão da milícia urbana pode confiscar escravos privados para o mesmo fim. No entanto, apenas tropas profissionais e cidadãos de Noster são considerados confiáveis para guarnecer a muralha interna e as respectivas torres.
  • As fortificações são segmentadas, e onde possível, interligadas por passagens com esquinas onde soldados precisam fazer fila única para passar, e um bravo pode segurar cem inimigos. O invasor precisará conquistar torre por torre, segmento por segmento, para que finalmente entre na cidade. E caso consiga fazê-lo, ele encontrará correntes bloqueando as ruas de tal forma que cada quarteirão, cada casa terá que ser conquistada uma por uma em um corpo a corpo ferrenho, para que as correntes sejam ser soltas e a cavalaria e artilharia dos sitiantes possa avançar.  
  • Um pequeno morteiro e um falconete foram instalados no topo de cada uma das torres guarnecidas pela milícia urbana em toda a cidade.
  • Noster Amaranthi se tornou a cidade nortenha com mais canhões, aproximadamente três  mil peças de diversos tamanhos e funções.


      Ainda não está claro como o império pagou por tudo isto. É certo que o culto de Diveus doou grandes somas; o imperador autorizou o leilão de muitas armas e armaduras encantadas do tesouro de guerra imperial; os nobres que participaram da revolta de Terra Preta tiveram as suas terras e riquezas confiscadas; e as guildas e instituições da capital contribuem para a manutenção e guarnição das defesas; estes fatos ainda não parecem suficientes para pagar uma obra tão titânica, inovadora e relativamente rápida. Mas como a população ficou aliviada quando notou que não haveriam novas taxas para pagar pelas defesas, quase ninguém questiona os valores exatos e suas origens.
 
Qualquer monstro ou bárbaro que ver as nossas muralhas ficará impressionado e temeroso das perdas terríveis que sofrerão contra nós, nossas espadas e flechas, das bocas metálicas que exalam fogo e cospem balas. Mas nossos cidadãos, e aqueles que chamamos de amigos e aliados, ao buscarem abrigo na grande sombra das muralhas, se sentirão seguros. A antiga cidade de Amaranta caiu, mas Noster, Noster Amaranthi durará para todo o sempre.
-Senadora Berenika Diamanda Catra, trecho do discurso de inauguração das muralhas.

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