Paul Bunyan. Desenho liberado no domínio público. |
Dando continuidade às listas de criaturas sul-americanas e africanas, aqui vai a próxima: uma lista baseada nos folclores, indígenas ou não, da América do Norte.
Adendo:
eu evitei colocar lendas urbanas que surgiram ou se espalharam com a
internet, como por exemplo o Chupacabra. Imaginei que elas seriam
populares o suficiente. O meu foco é descobrir o que é pouco conhecido.
Parte um aqui.
41) Mishepishu (Folclore Ojibway e Cree) - Uma criatura que vive em uma caverna submarina nos Grandes Lagos entre os Estados Unidos e Canadá. Cabeça de lince, corpo escamoso de serpente marinha, chifres de cobre e espinhos dorsais que simbolizam o seu poder. Viajantes podem oferecer tabaco para que Mishepishu não crie tempestades com o rabo e afunde os seus barcos.
42) Mosca Grande (Mitologia Navajo) - Uma mosca que serviu a muitos herois Navajos. Ela ficava no ombro dos mesmos, alertando-os de perigos e guiando-os ao objetivo.
43) Mulher Camundongo (Folclore Haida) - Ela é um espírito pertencente a um grupo chamado Narnauks, os animais-pessoas. A Mulher Camundongo costuma surgir na forma de uma pequena avó que se esforça em manter o mundo organizado. Ela detesta quem cria problemas, como caçadores que matam mais do que eles vão comer, ou quem não se comporta como deve. A Mulher pode surgir para disciplinar e enganar quem faz coisas assim.
44) Mulher com o Rabo de Ferro (Folclore Inuíte) - Uma mulher canibal que usava um rabo metálico pontudo para furar as suas vítimas, pulando na direção das mesmas. As palavras que ela pronuncia também tem alguma espécie de poder, mas a natureza e extensão desse poder não fica clara.
45) Mulher-Aranha (Folclore Pawnee) - Existem muitas histórias sobre ela, retratando-a como um ser bondoso que ajuda e aconselha quem passa por necessidades. Mas em uma história dos Pawnee, ela é uma criatura que devora seres humanos. A mesma história também conta que a Mulher-Aranha e as suas filhas viviam em uma cabana com uma horta. Quem quisesse pegar algo da horta precisaria jogar dados com ela. Mas durante o jogo, a Mulher-Aranha invocaria nevascas para congelar o jogador até a morte. Então o crânio dessa pessoa seria pendurado nas paredes da cabana. A Mulher-Aranha também servia carne humana envenenada a visitantes. As suas vítimas poderiam contar com a ajuda das filhas dela, até certo ponto.
46) Nalusa Falaya (Folclore Choctaw) - Humanóides do tamanho de um ser humano, com rostos enrugados, olhos minúsculos, narizes longos e orelhas pontudas. As suas vozes se parecem com as de pessoas, e eles as usam para chamar caçadores durante o crepúsculo. Quem os ouvir fica inconsciente. O Nalusi então enfeitiça o caçador através de um espinho inserido na mão ou no pé, fazendo com que o mesmo aja de forma maligna.
47) Nekedzaltara (Folclore Athabaskan) - Este parece ser um tipo de espírito da natureza. Nekedzaltaras existem em muitas formas terríveis, tanto visíveis quanto invisíveis. Talvez "demônio" seja uma palavra mais apropriada, já que eles são servos de Tena-ranide, a personificação da morte. Apesar da variedade de formas, encontrei apenas uma descrição, em uma história sobre um homem que escapa de um monstro aquático comparado a uma baleia por quem documentou essa história. A boca do monstro é confundida com uma caverna, cujas profundezas, a garganta da criatura, são inundadas com água fervente. Esse Nekedzaltara também possui dentes enormes e diversos apêndices semelhantes a cordas que lhe servem como tentáculos. Este último detalhe me fez pensar que a criatura talvez fosse mais parecida com um esturjão do que uma baleia, que é um tipo de peixe com um bigode como o da carpa, existente na região dos Athaabaskans. Para quem concorda com essa interpretação, alguns detalhes do esturjão: é um peixe sem escamas, coberto por diversas placas ósseas; existem espécies de água doce e de água salgada; ele chega a atingir sete metros de comprimento e mais de uma tonelada; esturjões, assim como tubarões, podem sentir campos elétricos, usando esta eletropercepção para localizar a presa e migrar. E ele é a fonte do famoso caviar.
48) Nunnehi (Folclore Cherokee) - O nome significa "Os Imortais". Eles vivem sob as águas e sob as montanhas. São invisíveis e imortais. Estes seres possuem poderes diversos, como, de alguma forma, carregar toda uma aldeia e a colina abaixo da mesma. Existe pelo menos uma história em que eles convidam uma tribo a viver com eles, pois previram o futuro e viram que os homens brancos trariam tragédias e guerras. Outra história conta que eles defenderam uma tribo cherokee de uma tribo estrangeira, surgindo como um grupo de centenas de guerreiros pintados de dentro de uma colina. Esse grupo ficou invisível quando se afastou dessa colina, parecendo como um enxame de machados e flechas se movendo por conta própria. Os inimigos tentaram se esconder atrás de pedras e árvores, mas as flechas faziam curvas e os atingiam de qualquer forma. Algumas pessoas comparam os Nunnehi às fadas européias.
49) Ohdowas (Folclore Iroquoi) - Um povo anão subterrâneo. Pequenos, resistentes e corajosos. Eles vivem em um mundo escuro com as suas próprias florestas e planícies, cheias de animais perigosos e venenosos que desejam escapar para a superfície. Os Ohdowas os impedem de invadir o mundo iluminado pelo sol.
50) Oniate (Folclore Iroquoi) - Também chamado de "Dedos Secos". Um espírito vingativo na forma de um braço mumificado que pune quem quem se comporta mal.
51) Oshadagea (Folclore Iroquoi) - Uma águia tão gigantesca que carrega um lago de orvalho em uma cavidade nas costas. Quando os espíritos de fogo destroem as matas, ela voa, orvalho gotejando das asas e curando as plantas.
52) Panabe (Folclore Algonquino) - A tradução literal da palavra é "quase-homem" ou "pseudohomem". Ela se refere a um tipo de ser metade homem, metade peixe.
53) Pássaro do Trovão (Diversos Folclores) - Este animal fantástico pode ser encontrado nas lendas de muitas regiões e povos indígenas norte-americanos. Em um mito dos Lakotas, ele é o mensageiro do deus que criou o mundo. Chamado Wakinyan, ele tem asas poderosas, um bico enorme, dentes afiados, garras e relâmpagos saindo dos olhos, embora um ornamento que eu vi mostre os relâmpagos surgindo de um "coração" ou "núcleo" no peito. O som de sua voz era o trovão. Em alguns mitos, existem muitos Pássaros do Trovão, incluindo filhotes em ninhos. Outros mitos contam que o Pássaro consegue se transformar em um ser humano.
54) Paul Bunyan (Folclore dos Estados Unidos e Canadá) - Um gigante lenhador originário das tradições orais de lenhadores norte-americanos. Existem muitas histórias em diversas mídias sobre ele: musicais, contos, filmes etc. O seu tamanho, proezas e habilidades variam muito, mas ele é sempre gigante, forte e um lenhador habilidoso. Por exemplo, uma das histórias originais lhe dá "apenas" mais de dois metros de altura; já no desenho animado dos anos sessenta ele tem proporções colossais, rebate bolas de canhão como se fossem bolas de beisebol e afunda navios piratas.
55) Pecos Bill (Folclore dos Estados Unidos) - Uma figura folclórica que simboliza o cowboy. Existem muitas histórias sobre ele. Por exemplo, ele é descrito como meio-homem, meio-coiote, por causa de que foi criado por coiotes no Velho Oeste após ter caído da carroça de sua família humana. Ele é capaz de formar amizades com outro animais, o que talvez o ajude a realizar proezas como cavalgar pumas e usar cobras como cordas. Ele também teria inventado o revólver e o processo de conduzir manadas de gado de um lugar a outro.
56) Peixe Grande de Iliamna (Folclore Dena'ina) - Um grande peixe monstruoso com poderes sobrenaturais. A sua mordida causa buracos nos cascos de barcos.
57) Piasa (Folclore dos Estados Unidos) - Uma criatura mítica com o corpo de uma pantera, o rosto de um homem, um longo rabo de ponta bifurcada, chifres, garras de águia e asas. A lenda original foi dita como sendo de origem indígena, mas na verdade foi uma ficção escrita por John Russell, um escritor de romances e aventuras.
58) Povo das Nuvens (Folclore Zuni) - Espíritos da tempestade que trazem chuvas e fertilizam a terra. Pessoas que tem boas vidas, após morrerem, se tornam parte do Povo das Nuvens. Para garantir que o Povo traga chuva, eles devem ser lembrados e honrados pelos vivos. Ofendê-los causa secas.
59) Pukwudgies (Folclore Algonquino) - Estes são pessoas pequeninas que vivem em terras altas rochosas, cavernas e ravinas, assim como lagos, baías e rios próximos a pinheiros. O nome significa "pequeno homem selvagem das matas". Existem florestas em Massachusetts onde pessoas ainda dizem ver pequenos trolls cinzas ou serem levadas às profundezas do mato por esferas flutuantes e brilhantes.
60) Qallupilluk (Folclore Inuíte) - Seres humanoides feios, de pele escamosa e enrugada, que vivem nas águas geladas do Ártico. Eles usam bolsas nas costas para carregar as crianças que sequestram. Mas não se sabe porque pegam crianças. Será que é para devorá-las? Ou eles gostam de brincar com elas? Seja como for, eles são furtivos, esperando submersos. Preste atenção quando o mar formar ondas subitamente ou vapor escapar da água: são sinais de que pode haver um Qallukpilluk por perto.
61) Sapiya (Folclore dos Creeks e Seminoles) - Pedras mágicas que se reproduzem e se movem sozinhas, pulando que nem sapos. Elas existem nas cores vermelho, azul e amarelo. Aquele que possuir uma destas pedras adquire habilidades ou boa sorte em questões de amor, guerra e na caçada. Para manter a posse de uma pedra, deve-se controlá-la com canções e certos procedimentos. A pedra também precisa ser alimentada com orvalho e sangue de esquilo. Caso o usuário não satisfaça estas condições, a Sapiya se volta contra ele.
62) Serpente Aquática Chifruda (Folclore Sioux, entre outros) - Muitas tribos tem lendas sobre estas criaturas. Às vezes elas são boas, outras vezes elas são más. Vivem em grandes lagos e nascentes. Os chifres são parecidos com os de um veado, possuindo poderes mágicos. Algumas das lendas dizem que caçadores moem esses chifres para obter pós encantados que garantem uma boa caça. Algumas versões da Serpente tem um chifre azul e um vermelho. Serpentes são amigáveis com aqueles que vivem em harmonia com a natureza, trazendo chuvas, fertilidade e vida longa.
63) Serpente do Niágara (Folclore Seneca) - Ela não tem um nome próprio, mas eu a chamei assim porque a sua história envolve as famosas cataratas. Essa serpente vivia embaixo da terra e gostava de devorar seres humanos. Mas a quantidade de humanos que morreram por causas naturais não era suficiente para satisfazê-la, então ela usava o seu veneno para envenenar as fontes de água de uma comunidade indígena, causando doenças e morte constante. A comunidade eventualmente descobriu isso e mudou de lugar, mas a serpente era astuta e seguiu atrás. Hi-nu, deus das nuvens e da chuva, interviu, disparando um relâmpago contra ela. Isso apenas a feriu. O deus precisou disparar mais três raios até conseguir matá-la. Quando os indígenas viram o seu corpo, constataram que a serpente era mais longa do que "vinte vôos de flecha", ou seja, vinte vezes a distância que uma flecha percorre antes de atingir o chão. Esse cadáver foi posto de alguma forma a flutuar pelo rio Niágara até encalhar em algumas rochas e se tornar uma espécie de represa, acumulando tanta água e carne morta que eventualmente as rochas foram quebradas pelo peso. Esse evento criou a forma de ferradura das Cataratas do Niágara.
64) Skadegamutc (Folclore Abenaki) - O fantasma de uma bruxa que se recusa a permancer morta. Ela ressurge à noite como uma esfera de luz flutuante ou em uma forma humanoide indefinida, que lança maldições, mata e devora humanos. A única maneira de matá-la para sempre é queimando o corpo.
65) Snallygaster (Folclore dos Estados Unidos) - Um grande monstro quadrúpede e com asas enormes, capaz de carregar pessoas enquanto voa. Usando um bico pontudo como uma agulha, ele suga todo o sangue da vítima. Cada uma das quatro patas têm garras que mais parecem ganchos de aço. A cabeça tem um único olho na testa. O seu berro lembra o assobio de uma locomotiva. Uma testemunha adiciona um rabo longo e grosso, outra disse que o pescoço é longo e elástico, já uma terceira acrescenta chifres. Como se não bastasse, o couro ricocheteia balas como se fosse uma placa de ferro. Pode-se dizer que o Snallygaster equivale a um dragão europeu, mas houve quem o considerou um demônio ou diabo. Inclusive, ele supostamente bota ovos, grandes como um barril, de uma casca dura, amarelada e com a textura de um pergaminho. E ele seria capaz de falar.
66) Stikini (Folclore Seminole) - Imagine um licantropo que se transforma em uma coruja. Porém, um Stikini faz isso vomitando os próprios orgãos em algum lugar nas matas. Na sua forma animal, ele ataca humanos, arrancando o coração através da boca. Para mudar de volta à forma humana, o Stikini deve reaver os seus orgãos. Eu encontrei duas maneiras de matar um Stikini: a primeira é destruir os orgãos dele enquanto está caçando por aí; a outra é usando flechas com penas de coruja e tratadas com certas ervas.
67) Tartaruga Gigante (Folclore Creek) - Além do que o nome já indica, uma das histórias que eu li mostrava o casco de uma delas sendo confundido com uma grande rocha, então talvez tenha uma textura pedregosa. Elas são grandes o suficiente para nem repararem quando um grupo de indígenas sobe no casco. Contudo, eles não conseguem descer depois, pois alguma espécie de poder ou substância os prende ao casco da criatura. Isso faz com se afoguem quando ela entra na água. Não fica claro se essa era a intenção da Tartaruga.
68) Taqriaqsuit (Folclore Inuíte) - O povo-sombra. Estes seres vivem em um mundo parecido com o nosso, mas que não podemos perceber. É muito difícil ver um Taqriaqsuit, mas é possível ouví-los, por exemplo, quando se ouve alguém falando mas não há ninguém por perto. Eles são tímidos, desaparecendo quando notam que foram percebidos. Existem histórias sobre Inuítes que foram até o mundo dos Taqriaqsuits, mas poucos retornaram.
69) Tlanúsi (Folclore Cherokee) - Uma sanguessuga vermelha com listras brancas e tão grande quanto uma casa. Ela consegue fazer a água borbulhar, criando uma grande coluna de espuma que subiu ao ar e desceu no ponto onde as testemunhas estavam, o que teria feito com que elas caíssem na água. O Tlanúsi captura as suas vítimas dessa forma, mordendo fora os narizes e orelhas.
70) Tribo da Lua (Folclore Teja) - Os homens brancos afirmam que a lua é um mundo morto e vazio. Mas os Tejas contam que uma tribo já morou lá, caçando animais e evitando uma grande floresta, de árvores brancas e sem folhas, que abrigava uma bruxa anciã. Através de um ritual da bruxa, a filha do chefe da tribo lunar visitou a Terra para conhecer coisas que ela nunca tinha visto antes, como flores e o oceano. Ela até se apaixonou e se casou com o filho do chefe da tribo que a abrigou, mas teve que voltar para a lua. O filho do chefe logo morreu em combate e o seu espírito conseguiu ir até a lua para viver com a sua amada. Ela mandou estrelas cadentes em direção à Terra, que se transformaram em flores de cinco ou seis pétalas, brancas e rosas, todas douradas no meio. Dessa forma, a tribo que a hospedou soube que ela e o filho do chefe continuaram a viver na lua. E até hoje, as flores nascidas das estrelas cadentes cobrem as pradarias.
71) Tuniit (Folclore Inuíte) - Um povo pacífico que vivia na região antes dos Inuítes. A sua linguagem era simples, descrita como semelhante às palavras de um bebê. Eles tinham a mesma altura dos Inuítes, mas eram muito mais fortes. Então é melhor evitar que eles fiquem furiosos por alguma razão, como por exemplo, usar palavras difíceis.
72) Tupilaq (Folclore Inuíte) - Uma estátua grotesca feita de marfim, ossos diversos e/ou madeira. Ela é criada e animada por um xamã para morder um alvo específico até a morte. Esse monstro é capaz de nadar e planejar a melhor forma de atacar a vítima, por exemplo, escavando a terra para pegar o alvo por baixo. Ele também pode sentir dor, raiva e fome, então é possível que um Tupilaq, após ser animado, esteja vivo de fato e não seja um tipo de construto. Em uma das histórias, ele eventualmente decide devorar o seu criador, após falhar sucessivas vezes em atacar o seu alvo.
73) Uktena (Folclore Cherokee e Creek) - Uma enorme serpente que devora pescadores e crianças. Ela tem chifres e um cristal mágico na cabeça. É capaz de se mover pela água, pela terra e pelo ar. O brilho do cristal enfeitiça as pessoas, fazendo com que elas se aproximem da serpente ao invés de fugir. Existe uma história em que Uktena é morta por um xamã, que usou os poderes do cristal para curar os doentes, fazer o milho crescer e encher os rios com peixes.
74) Uncegila (Folclore Lakota) - Uma serpente gigantesca com um chifre curvo, escamas semicristalinas e uma crista reluzente. Quem enxerga Uncegila fica cego, enlouquece e daí morre quatro dias depois. A única forma de matar o monstro era atingindo um ponto específico com flechas encantadas, onde fica o seu coração: um cristal vermelho brilhante. Quem possuísse esse cristal ganharia grandes poderes. Um herói que já era cego conseguiu realizar esta façanha. Uma lenda conta que quando Uncegila surgiu das águas primordiais, causou uma enchente que matou muitas pessoas e devastou regiões. Isto enfureceu o Pássaro do Trovão, que usou os seus relâmpagos para fragmentar o coração de Uncegila em muitos pedaços.
75) Waziya (Folclore Lakota) - Um gigante que protege o lugar onde as luzes nortenhas, ou seja, a Aurora Boreal, dançam. Ele sopra o vento norte gelado de sua boca, controla neve e gelo. Waziya também enfrentava os ventos vindos do sul constantemente.
76) Welala (Folclore Tsimshian) - O espírito de uma montanha. Certa vez, um grande caçador perseguiu um urso até uma montanha. Ele achou uma porta e ouviu uma voz. Foi aí que a alma do caçador saiu do seu corpo e adentrou o interior oco da montanha, indo até o grande chefe Welala, que usava uma pele de urso. Ele deu ao caçador uma máscara de dança, uma pele de urso, um colar de casca de cedro e outros itens usados durante danças de inverno. Também concedeu ao caçador o poder do vôo. Mas o caçador abusou deste poder durante quatro anos, até ser capturado e curado pelos xamãs de sua tribo.
77) Windigo (Folclore Ojibwa e Cree) - Um canibal gigante (entre seis e nove metros de altura) que vaga pelas matas durante o inverno e devora todos que encontrar. A única maneira de escapar era se a vítima também se transformasse em um Windigo e lutasse contra o monstro. Uma luta dessas pode ter ambos os lados arrancando árvores do chão para usar como clavas. O Windigo é criado quando uma pessoa, muitas vezes sofrendo de fome, come carne humana. Existe uma história de como uma garota matou um Windigo ao se tornar tão gigante quanto ele, que o Windigo tinha um cachorro e como, após cortarem o Windigo em pedaços, as pessoas encontraram um homem comum dentro. O folclore Cree também menciona uma criatura chamada Whittico ou Wee tee go, que seria única, maligna, recebedora de sacrifícios e líder de espíritos perigosos que tomam a forma de animais. A diferença entre Windigo e Whittico é um tanto quanto ambígua e não me ficou clara, mas parece que o folclore evoluiu de um único ser para um tipo de criatura definida pelo gigantismo e canibalismo. Também existe a possibilidade de que Windigos são pessoas que, após consumir carne humana, são possuídas ou corrompidas por um espírito maligno, que pode ou não ser Whittico.
"Windigo" também se refere a casos de pessoas que parecem ter sofrido um surto psicótico, adquirindo desejo por carne humana e/ou tornando-se canibais, presentes em registros desde o século 17.
78) Wingwak (Folclore Algonquino) - Um tipo de borboleta que causa sono, mas parece que é preciso um enxame inteiro ao redor de um homem para induzi-lo a dormir.
79) Wiwilméku (Folclore Wabanaki) - O nome de um imenso caramujo chifrudo em que um xamã se transformou para duelar com outro xamã que se tornou uma serpente gigante. Wiwilméku ganhou a luta.
80) Yéitso (Folclore Navajo) - O maior e mais feroz dos Anaye, um termo traduzido como "deuses alienígenas*". O deus-sol, Tsóhanoai, diz que a criatura é filho dele. Todos os Anaye gostam de devorar humanos. Yéitso é descrito como um gigante tão imenso que o espaço entre os pés é a distância que uma pessoa caminha em um dia. Ele consegue secar lagos quando tem sede. O monstro é capaz de disparar relâmpagos como se fossem azagaias ou flechas. Yéitso veste uma armadura feita de escamas de sílex, que foi feita em pedaços que voaram em todas as direções pelas flechas-relâmpago dos heróis que o mataram. As pedras de sílex usadas pelos navajos como facas, pontas de flechas e outras ferramentas, teriam origem nessa armadura de escamas. Quando Yéitso morreu, o seu sangue formou um rio. Os heróis tiveram que escavar trincheiras para impedir que esse sangue chegasse até os outros Anaye, pois caso isso acontecesse, Yéitso poderia ser ressuscitado. O sangue eventualmente para de correr, talvez por ter coagulado. Mas até hoje essa imensa quantidade de sangue coagulado preencheria todo um vale.
*O termo "alienígena" usado aqui é no sentido de "estrangeiro" ou "algo que veio de fora", sem necessariamente remeter a extraterrestres.