sexta-feira, 19 de junho de 2020

Icamiabas

Mercenária Icamiaba em combate.
Imagem no domínio público.

As Icamiabas são amazonas que vivem nas matas de Ka'aari. Elas são oficialmente um protetorado do Império do Norte, mas como o mesmo praticamente não tem autoridade em Ka'aari, as Icamiabas gozam de grande autonomia.


Sociedade


Ao contrário de outras culturas amazônicas, as Icamiabas aceitam homens em suas terras e em suas guerras. O que deve ficar claro é que as mulheres estão no comando, sendo líderes e comandantes sempre. Os homens cuidam dos chinampas*, produzem artesanato e lutam como escaramuçadores. As mulheres se dedicam todos os dias a lutar e comandar os homens em batalha. Elas são a infantaria pesada, cavalaria e oficiais. Tanto homens quanto mulheres podem ser sacerdotes e druidas**.

A cacique-das-caciques atual é a grande Conõri Viraga, uma mulher alta e parda de cabelos pintados de vermelho, que esbanja tatuagens marcando cada batalha de que participou. Como líder das Icamiabas, segue as tradições: veste apenas uma tanga feita de couro e cerâmica, o restante do corpo coberto por pinturas que variam conforme o dia e o humor.


Tanga de cerâmica.
Foto tirada por User:Dornicke.

Ler as pinturas corporais é a base da etiqueta entre as Icamiabas. Cores e padrões dizem muito a respeito de como alguém está se sentindo naquele dia, o seu status social, até os seus objetivos em relação à vida como um todo.

As Icamiabas acolhem mulheres vindas de todos os cantos do mundo. Isso resulta em uma grande variedade racial e étnica na sua população. Mas ninguém se identifica como elfa, anã ou lilim, são todas Icamiabas, guerreiras orgulhosas.

A capital da nação Icamiaba é Marfisa, o único espaço urbanizado na selva de Ka'aari. Três mil mulheres vivem aqui. Homens são proibidos de adentrar a cidade. Invasores são jogados às onças de estimação de Coñori. Marfisa não tem muralhas, sendo mais um conjunto de aldeias ligadas por estradas de pedra à praça central, onde ficam: as bancas de comerciantes; dois dos Caranás; Andurá, a árvore flamejante; as casas de duelo, onde as Icamiabas aprendem a lutar e resolvem rivalidades; e o Palácio Espelhado*** da cacique-das-caciques.



Os diversos estilos de cabanas
encontradas na nação Icamiaba.
Imagem no domínio público.

Festival da Vida


No mês sagrado de Corallin, Cerealia, acontece o Festival Uirapuru. Ele consiste de uma série de competições esportivas abertas a estrangeiros. As modalidades incluem arco, corrida, natação, luta corporal e usar uma luva cheia de vespas sem desmaiar com a dor das picadas. A prova máxima é a Maratona, uma corrida de três dias e noites cheia de obstáculos, como a travessia de rios caudalosos, pontes suspensas, escalada de escarpas afiadas, detecção de armadilhas e solução de enigmas. O propósito é descobrir quem são os melhores homens, tanto física quanto mentalmente. Os vencedores vão adquirir amuletos sagrados chamados muiraquitãs, ganharem canções em sua homenagem e muitas propostas de acasalamento. O primeiro a completar todas as provas ganha um desejo de Irapuru, um pássaro celestial que serve Corallin.

As amazonas realizam as suas próprias competições em Manoa, uma cidade onde homens são proibidos de entrar. Estrangeiras que participem destes jogos podem se tornar Icamiabas, não importando o seu passado. As bocas alheias dizem que as provas femininas são ainda mas difíceis e que através delas a cacique-das-caciques escolhe as suas campeãs-comandantes, entre outros cargos importantes da nação Icamiaba.


Leis


A nação Icamiaba não possui um sistema judiciário ou leis escritas. Tradições e respeito à deusa definem o que é apropriado e o que não é. Para garantir a paz e a ordem, a cacique-das-caciques emprega inspetoras que lhe servem como olhos e ouvidos. Essas inspetoras têm o poder de julgar pessoas. As tradições morais básicas das Icamiabas são: não roubar; não mentir; não ser preguiçosa. Note que matar não é considerado inerentemente errado, embora mortes suspeitas sejam resolvidas pela cacique e a pajé da comunidade.


Religião


Um dos Caranás.
Imagem por OpenClipart-Vectors de Pixabay

Embora todos os deuses do panteão recebam oferendas e sacrifícios, as Icamiabas reverenciam Corallin mais do que qualquer outra divindade. Esta atitude é até pragmática quando se vive no território sagrado da deusa. Por exemplo, as amazonas não usam ferramentas ou armas de ferro e aço, que logo enferrujam devido ao calor, umidade e à influência mágica da própria Corallin.

As amazonas mantêm cinco grandes templos piramidais dedicados a Corallin, os chamados Caranás. As superfícies internas de cada templo são cobertas com ouro. Os demais deuses do panteão são adorados em templos menores e mais modestos.


Economia


Algumas das diversas flechas e
projéteis usados pelas Icamiabas.
Pintura no domínio público.

As Icamiabas não usam moedas ou escambo entre si. Assim como as aldeias nortenhas, as comunidades Icamiabas usam um sistema de obrigações mútuas. Já a nação Icamiaba emprega um sistema diferente: cada aldeia deve prover tributos regulares na forma de produtos, artesanato e mão-de-obra. A rainha, sua corte e escribas devem então organizar e redistribuir os itens e serviços da forma mais justa possível.

As Icamiabas têm uma aldeia, Tucna, que serve de entreposto comercial na fronteira de Ka'aari, às margens do rio Inaê. Daqui saem expedições (tanto na forma de caravanas quanto em canoas e navios) que trocam grandes quantidades do âmbar multicolorido de Ka'aari****, penas, mel, peles, obsidiana, pólen e cacau em troca de ferramentas e armas de bronze, pergaminhos de couro de troll e sal. Também compram escravos e escravas que estejam dispostos a se tornar parte da sociedade Icamiaba.

Outro “produto de exportação” são as próprias guerreiras e guerreiros. As Icamiabas formaram uma guilda mercenária, chamada Irmandade Quiteriana, que aceita contratos mundo afora, muitas vezes substituindo milícias feudais e guardas municipais inteiramente. Essas forças às vezes adotam costumes estrangeiros, como usar armaduras, manusear arcabuzes e até vestir roupas.


*Hortas flutuantes feitas sobre vitórias-régias gigantes nos inúmeros rios que cruzam Ka'aari. Talvez a única forma de agricultura possível em uma terra tomada por vegetação sobrenatural.

**Considerada a única forma de poder social e político que homens podem ter entre as Icamiabas.

***Assim chamado por ser uma estrutura megalítica talhada de grandes blocos de obsidiana. A superfície negra brilha intensamente nos raros momentos em que é atingida pela luz do sol. As Icamiabas evitam olhar para a construção nestas ocasiões, pois há um sentimento de angústia associado aos reflexos que a pessoa enxerga de si mesma, como se a própria Corallin julgasse alguém.

****Ingrediente precioso para poções de cura, bálsamos medicinais e amuletos de fertilidade.

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